CONCRETO: UMA ROCHA ENTRE ROCHAS
The complete Concrete
Paul Chadwick
Tradução de Marquito Maia
128 páginas
Devir, 2004
Ele tem o corpo feito de pedra, possui uma força descomunal, mede dois metros e meio de altura, pesa meia tonelada, enxerga melhor que uma águia e consegue ficar uma hora sem respirar. Apesar da aparência assustadora, Concreto é bem humano.
A oposição de aparência e essência é um dos pilares da história. O protagonista é colocado em situações que fazem o leitor se questionar sobre quem seriam os verdadeiros “monstros”.
Quando Concreto vai resgatar alguns homens que ficaram presos num desabamento de mina, o senador de Kentucky tenta se promover às custas do herói. O político afirma para a imprensa que foi o responsável pela vinda do homem de pedra. Infelizmente, Concreto não consegue resgatar todas as vítimas com vida, a grande maioria delas morreu na hora do acidente. A imprensa sensacionalista culpa injustamente o herói pelas mortes.
Concreto já foi uma pessoa normal. Ele se chamava Ronald (Ron) Lithgow e era redator de discursos do senador Mark Douglas. Mas um incidente com alienígenas muda a vida de Ron. Por questões de segurança nacional, o ex-redator é obrigado pela CIA a adotar o nome de Concreto e se passar por um cyborg criado pelos Estados Unidos, além de ser monitorado 24 horas por cientistas. Para fazer com que a população perca o interesse no homem de pedra, é adotada a tática de superexposição na mídia. Concreto participa de talk shows e comédias, além de promover produtos estúpidos e brinquedos ordinários.
Como todo bom herói, Concreto precisa de um assistente, um mentor e um par romântico. O atrapalhado e candidato a escritor Larry Munro assume o papel de assistente. Além de documentar as façanhas do homem de pedra, Munro é um ótimo amigo. O senador Mark Douglas, ex-patrão de Ron, usa sua influência política para patrocinar os feitos de Concreto, e também proteger e tirar de encrencas o homem de pedra. A doutora Maureen Vonnegut ignora a paixão que Concreto sente por ela, a bióloga apenas o vê como o mais espetacular objeto de estudo.
Os desenhos de Paul Chadwick são excelentes. Os enquadramentos dão emoção e dinamismo à história. A sequência de quadros negros no fim da página 46 criam suspense e tensão sobre o destino dos tripulantes de um barco no meio de uma tempestade. Na página 89 as cenas de luta e perseguição são colocadas num único quadro, o que as torna mais tensas e movimentadas.
Para aqueles que procuram uma história de super-heróis mais madura, Concreto é uma boa pedida. Apesar dos poderes, o protagonista comete erros, sente solidão e frustração e não é feliz no amor. Mas o homem de pedra não se abate e segue em busca do sonho de se tornar famoso e admirado como o aventureiro Richard Burton.
Wellington Vinnícius
11 de fevereiro de 2010 - 17:25
Cacetada braba, sô!!! Que resenha mais louca (muito boa) essa! Sempre quis saber sobre esse tal de Concreto, desde 1991, quando meu pai me levou para assistir a uma mostra de desenhos animados — fui lá só por causa do Homem-Aranha –, no Sesc Pompéia. SHOW! Lá conheci X-Men, Watchmen e li sobre esse tal de Concreto. Show de bola! Há dois anos venho pensando em criar um roteiro para filme/HQ com títulos e nomes bem apropriados baseados em fatos bem reais pelos quais passou “o primo de um amigo meu”, durante 2008… Legal o que vcs escreveram. Me incentivou bastante, pode crer!!!