ARROWSMITH: A GUERRA DA MAGIA
Arrowsmith: so smart in their fine uniforms
Texto de Kurt Busiek
Arte de Carlos Pacheco
Tradução de Marquito Maia
160 páginas
Devir, 2005
A história se passa num mundo alternativo onde a magia ocupou o lugar da tecnologia. No ano de 1915, a Primeira Guerra Mundial está devastando a Europa. Os soldados não estão sozinhos nos campos de batalha e nas trincheiras, há também magos, dragões, vampiros, zumbis e outros seres fantásticos lutando na guerra.
Fletcher Arrowsmith lembra muito o típico protagonista dos clássicos filmes de guerra. Ele é um jovem que quer mostrar o seu valor lutando contra o exército do “mal” e trazendo de volta a paz e a ordem. Em busca de aventura e glória, Fletcher e o amigo Jonathan Kerry deixam a tranquilidade do Novo Mundo para se alistarem na Unidade Aérea Ultramarina. A ideia de aprender a voar e a usar magia empolga os dois jovens.
Os sonhos de heroísmo e liberdade dos jovens soldados voadores se tornam pesadelos de destruição e morte. Não existem heróis ou vilões na guerra. Ambos os exércitos são capazes de cometer crueldades. Fletcher participou da destruição de Holbrück. Ele e seus companheiros jogaram salamandras de fogo na cidade. Elas queimaram tudo, inclusive mulheres e crianças. Arrowsmith jamais iria se esquecer desse episódio, culpando-se pelas mortes.
O verdadeiro motivo que levou os países europeus a entrar no conflito é desconhecido, mas o estopim foi o assassinato do príncipe da Tyrolia-Hungria pelos sérvios. Correm boatos sobre um feiticeiro chamado Imperador Sangue, que se alimenta dos soldados mortos em combate e que seria o verdadeiro responsável pela guerra. Esse ser maligno estaria controlando os exércitos da Tyrolia-Hungria, Prússia e Bavária.
As cartas do protagonista que aparecem na história servem para aproximar o leitor da narrativa e mostrar o que Fletcher sente ou pensa sobre as batalhas e outros acontecimentos da guerra. “E seja lá o que for que esteja vindo, será responsabilidade dos homens – não dos deuses e talvez nem mesmo dos magos ou soberanos – fazer algo da confusão que tiver sobrado.”
As ilustrações de Carlos Pacheco são bonitas e impressionam o leitor. Além disso, a edição brasileira tem capa com verniz e orelhas. A qualidade do papel usado no miolo é boa. O único problema são as páginas não numeradas.
Talvez a obra não agrade a todos os fãs de fantasia, não há batalhas épicas nem confrontos entre o bem e o mal. Fletcher Arrowsmith é um jovem comum, não é invencível, sente medo e comete erros. Além disso, o discurso sutil anti-guerra que permeia a história pode aborrecer os leitores que querem esquecer por alguns minutos os problemas da realidade.
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