Livros

Ninguém escreve ao coronel

Um coronel reformado aguarda ansiosamente a aposentadoria, mas a burocracia de um governo ditatorial promete dificultar as coisas

– 12/07/2009

NINGUÉM ESCREVE AO CORONEL
El coronel no tiene quién le escriba
Gabriel García Márquez
Tradução de Danúbio Rodrigues
95 páginas
Record, 2005

 

Ninguém escreve ao coronel foi escrito em 1957, quando o escritor tinha 29 anos e trabalhava como jornalista. O estilo que o consagraria como um dos maiores escritores contemporâneos ainda estava no começo do desenvolvimento.

O leitor não vai encontrar os costumeiros elementos fantásticos que permeiam a obra do autor, mas uma sátira à burocracia. Além disso, o García Márquez realiza um resgate da história latino-americana, mostrando que a América do Sul é muito mais do que “um homem de bigodes com um violão e um revólver” (p. 34-5).

Em uma cidadezinha desolada, um coronel reformado aguarda ansiosamente uma carta do governo que trará a tão esperada aposentadoria. Mas a correspondência nunca chega, provavelmente presa em alguma montanha de papéis esquecida em alguma repartição pública. Como um ritual, o Coronel veste a sua melhor roupa para ir buscar a carta e sempre recebe a mesma resposta negativa do carteiro. Todos sabem que a aposentadoria nunca virá, inclusive o próprio militar.

Como forma de adiar a velhice e manter a esperança o Coronel deposita suas expectativas no galo de briga herdado do filho morto. O protagonista espera conseguir dinheiro nas rinhas para pagar as dívidas e sustentar ele e a mulher doente até a chegada da aposentadoria.

O dinheiro não chega e a situação vai se agravando, pois o galo não vive de ar e o Coronel precisa sustentar a casa. O final da história é inesperado e desconcertante, talvez alguns leitores fiquem com raiva.

A novela Ninguém escreve ao coronel pode não ter o mesmo brilho do romance Cem anos de solidão, mas assim como este resgata uma parte da história latino-americana, além de mostrar o quanto foram prejudiciais à população, principalmente os menos favorecidos, os governos ditatoriais. O livro conta também com belíssimas ilustrações do artista Carybé.

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