Livros

Na natureza selvagem

Jon Krakauer segue os passos de um jovem que abandonou família e bens materiais para realizar o sonho de viver em contato com a natureza selvagem

– 16/06/2015

Na natureza selvagem, de Jon KrakauerNA NATUREZA SELVAGEM
Into the wild
Jon Krakauer
Tradução de Pedro Maia Soares
216 páginas
Companhia das Letras, 1998

 

O escritor Jon Krakauer poderia ser o típico pai de família americano, não fosse pelo fato de se tornar um alpinista tão aficionado por montanhas que abandonou seu trabalho de carpinteiro e pescador para dedicar toda sua vida à prática do montanhismo.

Krakauer foi vencedor do prêmio Clube Alpino Americano de Literatura sobre Montanhismo, do American Academy of Arts and Letters, e finalista do National Magazine Award, quando alcançou popularidade escrevendo para as revistas Outside, National Geographic e GEO. Suas paixões pela aventura e pelo jornalismo sempre caminharam juntas. Em seu livro No ar rarefeito, o escritor comoveu o mundo ao retratar a tragédia dos alpinistas obstinados que morreram ao tentar alcançar o pico do Everest, em1996.

A trajetória jornalística de Krakauer, entretanto, nunca se mostrou tão verdadeira quanto em seu livro Na natureza selvagem. Declara, logo no início: “Não tenho pretensão de ser um biógrafo imparcial”. Sua identificação com a história real de Chris McCandless é assumida ao longo dos capítulos, em que expõe suas próprias aventuras irrefreáveis e, em suas próprias palavras, irresponsáveis, na época em que tinha idade próxima à do protagonista. A principal dessas aventuras, coincidentemente, ocorreu também no Alasca.

Christopher Johnson McCandless graduou-se em História e Antropologia em 1990 e, alguns dias depois, foi embora de Atlanta em direção ao Alasca sem deixar nenhum bilhete aos seus pais ou mesmo à sua irmã Carine, de quem era extremamente próximo. Doou parte do dinheiro que tinha, queimou o resto e sumiu em seu carro velho. A partir de então, passou a se apresentar como Alexander Supertramp e fez questão de apagar todos os rastros de sua viagem, para que seus conhecidos nunca mais o encontrassem.

Krakauer passou mais de um ano seguindo os passos de Chris, visitando os mesmos lugares e entrevistando algumas das pessoas que o jovem conheceu durante a viagem: um casal que se emocionou com sua história e o acolheu como filho, um fazendeiro que se tornou seu grande amigo, um senhor de 81 anos que propôs adotá-lo, tamanha era sua afeição pelo garoto. As passagens, os diálogos e trechos reais de seu diário fazem com que o leitor mergulhe no mundo de Alexander Supertramp e tente compreender, junto com o autor, as razões e inspirações que o levaram a abandonar sua família e seus bens para viver essa jornada.

Chris McCandless viveu por dois anos como um indigente: sem dinheiro, residência fixa ou trabalho. Conseguia apenas dinheiro suficiente para sobreviver e prosseguir sua jornada. Seu objetivo, o Alasca, foi onde pôde alcançar seu grande sonho: viver na natureza selvagem.

Uma das principais motivações de Krakauer para escrever o livro, que inicialmente seria apenas um artigo para a revista Outside, foram as diversas cartas que recebeu de leitores furiosos, que não se conformavam com as escolhas de Chris e com o desfecho dramático que teve sua história. Ao ler o livro, é muito provável que o leitor questione não apenas as motivações de Chris, mas suas próprias escolhas de vida, pois se trata de uma história que instiga e incomoda as convicções da sociedade tradicional.

 

Maria Carolina Vernalha, revisora de textos, escreve contos, poemas e resenhas desde criança. Sua primeira empreitada foi um jornal semanal aos sete anos de idade, distribuído aos quatro membros da família e confeccionado à mão. Ler e escrever são profissões, hobbies e paixões.

 

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Texto publicado na edição 2 da revista Eels.

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