O MUNDO DE SOFIA
Sofies verden
Jostein Gaarder
Tradução de João Azenha Jr.
552 páginas
Companhia das Letras, 1995
Sofia Amundsen é uma garota que está prestes a completar quinze anos. Numa certa manhã, ela encontra na caixa de correio um bilhete anônimo com a pergunta “Quem é você?”. Em seguida, mais outro bilhete, com a pergunta “De onde vem o mundo?”. Para deixar a situação ainda mais estranha, a jovem protago nistacomeça a receber cartões de um major que está no Líbano, mas eles estão endereçados à filha dele, Hilde Knag, que faz aniversário no mesmo dia que Sofia. O major e sua filha são totais estranhos para a garota. Em compensação, o militar parece conhecer muito bem a vida da Sofia.
Os bilhetes anônimos e os cartões postais são apenas o começo de uma história de mistério que leva o leitor a um agradável e divertido passeio pela história do pensamento ocidental, indo dos pré-socráticos até os pós-modernos, e passando por Jesus e Darwin. Enquanto procura respostas para os mistérios que a cercam, Sofia passa a receber lições de filosofia do professor Alberto Knox. Através desse personagem e utilizando uma linguagem clara e didática, o autor vai apresentando as diversas correntes filosóficas.
Utilizando elementos do cotidiano de Sofia e outros recursos à mão, Jostein Gaarder vai tornando claras para o leitor as ideias abstratas da filosofia. O brinquedo Lego ajuda a compreender as teorias de Demócrito, formas de bolo auxiliam na compreensão do mundo das ideias de Platão, uma igreja é o ambiente ideal para discutir o pensamento medieval. E que tal usar personagens de Charles Dickens e de Hans Christian Andersen para explicar Karl Marx?
A cada lição, Sofia vai caminhando em direção à solução de mistérios que envolvem estranhos fenômenos, como cachorros falantes e aparições de personagens dos contos de fada, e o major que escreve os cartões postais. No capítulo sobre o pensamento de Berkeley, a misteriosa ligação entre Sofia e Hilde é desvendada e a verdadeira identidade do major também é apresentada. As lições posteriores irão ajudar a protagonista a lidar com os problemas decorrentes das revelações.
Talvez alguns leitores reclamem que determinado filósofo ou corrente de pensamento foi abordado de maneira superfial ou não foi mencionado. Por exemplo, algumas ideias de Nietzsche são mencionadas rapidamente na parte da história que aborda o existencialismo. Porém, deve-se lembrar que a proposta do livro de Gaarder é ser uma introdução, não esgotar o assunto nem ser uma obra de referência como dicionários e enciclopédias.
Ao término do livro, o leitor pode chegar à conclusão de que através da filosofia as pessoas podem se libertar das correntes que as prendem à escuridão da ignorância, tornando-se donas de seu próprio destino. A parte final de O mundo de Sofia ilustra isso de forma surpreendente e bastante criativa.
Ana Caroline Duarte
23 de maio de 2012 - 21:04
Adorei e pretendo lê-lo com afinco