O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA
The lion, the witch anf the wardrobe
Série As crônicas de Nárnia, vol. 2
C. S. Lewis
Ilustrado por Pauline Baynes
Tradução de Paulo Mendes Campos
184 páginas
WMF Martins Fontes, 2006
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Fugindo da guerra, os irmãos Pevensie (Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia) encontram abrigo na casa do professor Kirke. Lá as crianças encontram um guarda-roupa que as leva para Nárnia, uma terra congelada e dominada pela maléfica Feiticeira Branca. Unindo forças com o exército do leão Aslam, os irmãos pretendem libertar os narnianos do domínio da feiticeira.
O leão, a feiticeira e o guarda-roupa é a primeira história publicada da clássica série de fantasia As crônicas de Nárnia. O escritor C. S. Lewis misturou elementos da mitologia greco-romana, das lendas celtas e nórdicas com referências bíblicas, além de usar animais falantes dos mitos e fábulas, para criar a terra encantada de Nárnia.
O leitor com algum conhecimento sobre o cristianismo verá semelhanças entre o poderoso leão falante Aslam e Jesus Cristo. Assim como Cristo, o leão tem duas naturezas, divina e terrena. Em um dado momento da história, Aslam irá se sacrificar para que os pecados de outros sejam perdoados. Ele também sentirá medo antes de ser “crucificado”. Além disso, o Filho de Deus é conhecido também como Leão de Judá.
As canções e poemas proféticos que aparecem na história lembram o Apocalipse, em que o apóstolo João narra o fim de uma época de dor e angústia e o início de um período de paz e prosperidade. Na conversa com os Pevensie, o Sr. Castor recita um poema sobre Aslam: “O mal será bem quando Aslam chegar, / Ao seu rugido, a dor fugirá, / Nos seus dentes, o inverno morrerá, / Na sua juba, a flor há de voltar” (pág. 81). Na página seguinte há uma canção sobre as crianças que chegam à Nárnia: “Quando a carne de Adão, / Quando o osso de Adão, / Em Cair Parável, / No trono sentar, / Então há de chegar / Ao fim a aflição”.
A Feiticeira Branca é a representação do mal em Nárnia. Assim como Satanás, ela domina os outros seres pelo medo ou pelo encanto. Com manjares turcos e promessas de poder, ela encanta uma das quatro crianças e a faz trair as outras três e Aslam. Há pouquíssimas informações sobre a vilã e nenhuma sobre como ela conquistou Nárnia. Somente com a leitura do volume chamado O sobrinho do mago, o leitor fica sabendo sobre a origem da feiticeira e como ela passou a dominar os narnianos. Também será revelado como o professor Kirke sabe tanto sobre Nárnia.
As crianças que chegam em Nárnia (Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia) estão destinadas a governar esse reino encantado. Elas devem provar que são dignas de tal destino, lutando ao lado do leão falante para libertar o povo narniano. Os irmãos Pevensie são a prova de que coragem e bondade indenpendem de idade. Apesar disso, elas não são perfeitas, cometem erros e têm sentimentos mesquinhos, mas dão a volta por cima através de redenção ou compensação. O Pevensie traidor se arrepende de seus erros e entra num combate de armas contra a Feiticeira Branca, impedindo que ela transforme o exército de Aslam em estátuas.
O narrador do livro não participa da história, faz apenas alguns comentários sobre as atitudes dos personagens e fatos narrados. Ele usa uma linguagem simples e clara, que possa ser entendida por adultos e crianças. Lembra muito os narradores de contos de fadas. A utilização do famoso “Era uma vez” reforça essa semelhança.
As ilustrações que embelezam as páginas do livro são de Pauline Baynes, que também ilustrou Mestre Gil de Ham, livro de J. R. R. Tolkien, outro importante escritor de fantasia e grande amigo de Lewis.
Com a mistura de elementos míticos e bíblicos, C. S. Lewis criou uma história cheia de aventura que vem encantando leitores de diversas idades e nacionalidades por mais de cinqüenta anos.
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