E de repente ela vem
Com suas garras estrofadas
Com sua malícia verberante
Em sincronia emocionalmente desajeitada
Deixa meu corpo delirante
De subtileza duvidosa, mesclando charme e melancolia
Chega por trás, envolve meu corpo
Com delicadeza invasiva, não me permite subterfúgio
É minha pegada preferida
Conhece minhas nuances cambiantes
A estremeção do meu orgasmo
Sabe quando é chegado o ponto
Não hesita o recontro, é assaz no combate
Penetra meu corpo com a mesma liberdade do vento
Ignora minhas roupas e vai tendo acesso a todo o seu abeiramento
Ela não respeita minha privacidade
Vai entrando sem cortesia
Toca cada parte de meu ser
É como uma tormenta que me arruína
Desperta meu desejo como ninguém
Provoca a imersão de meus pensamentos unicamente em sua presença
Deixa-me enfeitiçada com sua inquietação
Submete-me à escrava de sua premência
Suntuosamente perfeita, delibera minhas imperfeições
Engrandece minha opulência carna
Me deixa desguarnecida de presciência das razões
Quando chega em momentos de carência, encontra-me ainda mais suscetível
Lê como ninguém meus sentimentos e sem pena vai percorrendo minha libido
Faz de mim uma dependente de seus cortejos
De suas insinuações provocantes
Ela deixa-me completamente ébria
Embebida por seu balanço inconstante
Leva meu corpo a notas desconhecidas
Novas no balanço e nas emoções
Chega como uma chuva inesperada
Não me permite precauções
Diante de minha fragilidade frente aos seus encantos
Não resisto a sua ladroeira
Já me tem como sua para sempre
Não vivo sem os prazeres que me proporciona
Vai levando-me, guiando-me a uma peremptória trincheira
Por mais que derrame muitas lágrimas na sua comparência
É como um vício arrebatadoramente insanável
Leva aos prazeres mais nocentes
A música é meu pecado extasiante e deleitável.
Thiane Silveira de Ávila é estudante de jornalismo e redatora de uma revista. Nasceu em 25 de março de 1996, na cidade de Gravataí, Rio Grande do Sul. Chegou a cursar um ano de engenharia, mas largou o curso para dedicar-se à sua real paixão: a escrita. Escreve, por sua vez, desde muito nova, tendo alguns ensaios prontos, embora nenhum publicado.
Texto publicado na edição 1 da revista Eels.
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