quando convive ou
quando
escreve
tudo parece ferramenta cirúrgica que bifurca pele
quando convive ou quando escreve
cada sílaba é
lâmina de um canivete
que corta a barriga de uma porca selvagem do mato
para jorrar um caldo
muito
mas muito
pastoso
até que o poema entre no mundo
como um homem
soltando grunhidos.
soltando grunhidos.
soltando grunhidos.
no abate, quando a lâmina passeia pela garganta da porca selvagem do mato
percebes que o mundo é aquela irritação nas amígdalas.
A rotina da cidade é uma incisão sem anestesia.
nos faz apalpar a lâmina de um serrote soletrando o verbo insistir.
junto a esse incômodo que é sentir o tédio
cutucando meus rins.
Matheus José Mineiro, artesão e autor do livro A cachoeira do Poema na Fazenda do Seu Astral, pelo Selo Tomate Seco. Produz artesanalmente os zines Apologia Poética, Costelinha com Quiabo e Poesia e Mais um Cadim de Poesia Aí. Blog do autor:www.apologiapoetica.blogspot.com.
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