Poemas

O martírio do artista

Arte ingrata! E conquanto, em desalento, A órbita elipsoidal dos olhos lhe arda, Busca exteriorizar o pensamento Que em suas fronetais células guarda! Tarda-lhe a Ideia! A inspiração lhe tarda! E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento, Como o soldado que rasgou a farda No desespero do último momento! Tenta chorar e os olhos […]

– 20/01/2014

Arte ingrata! E conquanto, em desalento,
A órbita elipsoidal dos olhos lhe arda,
Busca exteriorizar o pensamento
Que em suas fronetais células guarda!
Tarda-lhe a Ideia! A inspiração lhe tarda!
E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
Como o soldado que rasgou a farda
No desespero do último momento!

Tenta chorar e os olhos sente enxutos!…
É como o paralítico que, à míngua
Da própria voz e na que ardente o lavra

Febre de em vão falar, com os dedos brutos
Para falar, puxa e repuxa a língua,
E não lhe vem à boca uma palavra!

 

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 20 de abril de 1884, no Engenho Pau d’Arco, Paraíba. Autor de um único livro: Eu (1912). Após a morte do escritor, em 12 de novembro de 1914, foram acrescentados mais alguns poemas ao livro, e o título passou a ser Eu e outras poesias. Cheios de lirismo e melancolia, os poemas utilizam um vocabulário científico. Os textos abordam temas como a morte, cemitérios e hospitais, entre outros.

Deixe um comentário

Nome *




* Campos obrigatórios

Newsletter

Cadastre seu e-mail e receba atualizações do site

Powered by FeedBurner

 

Livraria Cultura - Clique aqui e conheça nossos produtos!

 

 

Copyright © 2009 Literatsi. Todos os direitos reservados.
Powered by WordPress