
Foto: Gustavo Espíndola – StockSnap.io
a alvorada ostentou
um dia de vento, chuva
e muitos raios queimados
o vendaval fazia penacho na cabeça das aves
o frêmito emudecia as cantigas do amanhecer
na relva
o pássaro
com o bico
apontou o céu
abriu as asas
e se lançou explosivo no ar
rasgou o vento com a ousadia do desterrado
projétil vigoroso
parecia querer alcançar o zênite
então,
delineada a ordem,
singrou austero
nos feixes de luz
e nas nuvens que esvaeciam feito brumas
tutor das plumas solúveis
pousou altivo
no patronato
das aves domesticadas
a gota d’água não se sustenta
nas asas
do pássaro silvestre
Geraldo Lavigne de Lemos é membro da Academia de Letras de Ilhéus. Autor dos livros À espera do verão, amenidades e alguma sinceridade.
Texto publicado na edição 1 da revista Eels.
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