Óleo de argan nos cabelos secos,
a secura de um útero estéril,
a secura de um crânio morto há sete anos…
Óleo de aloe vera jorrando
de katanas enterradas em cada olho.
Óleo untando a cara fresca de queijo
que tem o homem rato,
atado pelo medo, convencido de tudo…
Óleo entupindo veias áridas,
poros e cavidades habitadas por aranhas.
Óleo de girassol nas correntes da escravidão,
para as polias não pararem de rodar.
Óleo de linhaça pra desentalar o coração encasulado
em fios de seda para nascer livre borboleta.
Fugitivos marinhos derrapando em petróleo difuso no mar,
sendo pegos em repente asfixia…
Manteiga derretida pra engolir melhor a decepção.
Óleo de soja encerando os tímpanos negligentes
de quem não compra as gorduras trans.
Iaiá Sandim nasceu Eliara com Sol em Aquário, no ano 1994 em Goiânia. Começou a escrever aos 14 anos, tentando colocar as palavras para dançar a música que sua alma tocava. Hoje estuda arquitetura e mistérios cósmico-filosóficos. Prezando pela simplicidade, vive buscando a elevação e o supraprazer catártico que só coisas autênticas podem proporcionar.
Texto publicado na edição 2 da revista Eels.
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