Contos

Dragões azuis

Sua cor era a mesma do céu e do mar, quando voava, não dava para perceber onde estava se olhávamos à procura dele em uma praia, pois o céu era da cor dele, assim como o mar. Nós podíamos bem vê-lo quando chegava perto de nós, suas grandes asas faziam a areia saltar do chão […]

– 14/06/2015
Dragão azul voando

Imagem: Nero1024 e Gustavo Espíndola.

Sua cor era a mesma do céu e do mar, quando voava, não dava para perceber onde estava se olhávamos à procura dele em uma praia, pois o céu era da cor dele, assim como o mar.

Nós podíamos bem vê-lo quando chegava perto de nós, suas grandes asas faziam a areia saltar do chão ao nosso redor e nos envolvia, e víamos que eram brancas, assim como a cor da areia.

A areia branca da cor da barriga e do fundo do olho do dragão estava quente como o seu hálito e o seu coração. Uma vez, estava me afogando no mar. O Dragão me salvou. Uma vez, meu amigo foi levado pelo vento, e o Dragão o salvou. Uma vez, nós perdemos o Dragão de vista. Achávamos que ele estava no mar. Fui lá, e assim tive de aprender a nadar, e meu amigo, aprendeu a voar. Não achamos o Dragão. Ficamos tristes, mas assim que o sol brilhou sobre nós, vimos, eu era o branco da barriga do Dragão, e meu amigo, o azul do mar e do céu, e juntos, viramos também um dragão. Mas a tristeza continuou dentro de nós, pois ficamos a procurar o Dragão de saudade. Uma vez ouvíamos uma voz, que cantava com ventos, e de lá vinha ar quente. Era ali, a boca do Dragão. Achamos ele! Comemoramos e pulamos. O Dragão nos disse: siga o calor, e se não se bateres com o sol, dançarás com ele. Este é o segredo dos dragões. Optamos por guardar este segredo com muito carinho dentro de nós. Na praia, deixamos mais deles escritos na areia. Quando os castelos fossem feitos, eles estarão na sala do baú, para quem quiser pegar. É preciso ouvir atentamente. Uma vez que o castelo estiver feito, ventos fortes e o mar virão para derrubá-lo. Dali descobrirás o calor dos dragões, quando estiver a proteger os seus castelos. Mas somente quando os castelos se desfazem, é que eles cantam para nós o último segredo dos dragões. É como um assobio tímido na noite que vem chegando, quando voam para descansar no seu ninho e se despedem de nós. De saudade, o coração deles esfria e suas escamas ficam geladas. Se formos atentos, é possível perceber que isso acontece toda noite. Pela manhã, os dragões voam de volta para a praia. Brincalhões e cuspindo fogo, pintam o céu azul com sua chama amarelo avermelhado, dando mais cores aos raios do sol. Até chegar a noite novamente, e assim, dançam ao redor do Sol que é o mesmo que a Lua.

 

Luiz E. A. Cabral de Melo é natural de Fortaleza (CE). Quando era pequeno, dizia que iria ser escritor. Agora com 21 anos, pouco a pouco vai reconhecendo e aceitando que é este mesmo o seu caminho. Publica poesias e contos pequenos no site obreuazul.blogspot.com.br. Seu livro favorito é Ondina, de Motté-Fouqué, que está ao lado de A vida lá fora, de Luís Fernando Pereira.

 

Texto publicado na edição 2 da revista Eels.

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