Dois eventos simultâneos sobre literatura acontecem no Itaú Cultural (Av. Paulista 149 – São Paulo, SP) nesta semana. Nos dias 21 e 22 de novembro ocorre o 7º Encontros de Interrogação, com o tema “O risco na literatura”. Entre os dias 21 e 23 do mesmo mês, a posição da literatura brasileira no exterior, seus desafios e possibilidades, será discutida no 5º Encontro Internacional Conexões Itaú Cultural. Os dois eventos também contarão com transmissão on-line pelo site do Itaú Cultural.
Com curadoria da crítica e escritora Noemi Jaffe, o 7º Encontros de Interrogação debate o ato de escrever, tendo como guia a ideia de risco nas discussões: as mudanças tecnológicas e de acesso, a renovação constante e o desafio ao gosto tradicional.
Já o 5º Encontro Internacional Conexões Itaú Cultural irá discutir a posição da literatura brasileira no exterior: como os escritores brasileiros são estudados em universidades estrangeiras; a problemática do professor de literatura estrangeira que precisa lidar com culturas distintas; os obstáculos e oportunidades do português; e as parcerias e os apoios institucionais. Os temas são resultados de cinco anos de pesquisa e mapeamento feito pelo programa Conexões.
Confira a programação dos dois eventos. As senhas serão distribuídas com 30 minutos antes do início de cada evento.
7º ENCONTROS DE INTERROGARRAÇÃO
Quarta, 21 novembro
17h – A crítica capitulou? Com Lourival Holanda e João César de Castro Rocha. Mediação Adriana Lunardi. A crítica ainda é crítica? Ou seja, se ela contém a ideia de crise, é a crise que ainda a determina? No jornalismo impresso, o espaço para os ensaios de fôlego e para a crítica mais profunda diminuiu. Enquanto isso, há cada vez mais espaço na internet, mas o público que acessa essa mídia não parece estar interessado em textos mais longos. A crítica renunciou ao seu papel formador?
18h30 – Como fracassar em literatura? Com Antonio Cicero, Juliano Garcia Pessanha e Leandro Sarmatz. Mediação: Josélia Aguiar. Alguém já disse que, em arte, quanto maior o fracasso, maior o sucesso. Em tempos de celebração da fama, é possível manter o sucesso de mercado e o fracasso necessário à criação? É desejável escrever sem a ideia do fracasso – no sentido pessoal, criativo ou midiático?
20h15 – Qual o tamanho do seu sonho? Com Ferréz e Marcelo Rubens Paiva. Mediação: Robinson Borges. É importante que a linguagem e a temática literárias se dirijam a um público cada vez maior? Se a resposta for positiva, isso implica necessariamente simplificar os conteúdos? A literatura de maior elaboração formal é sinônimo de elitismo?
Quinta, 22 de novembro
17h – O risco é coisa de amador? Com Luciana Villas-Boas e Raimundo Carrero. Mediação: Paulo Roberto Pires. Num mercado editorial cada vez maior e mais profissionalizado, com editoras, prêmios e festivais estabelecidos, além de grande oferta de cursos eficientes de escrita criativa, o profissional da literatura – tanto o escritor quanto o editor – pode (e deve) continuar arriscando?
18h30 – A poesia e o conto nunca vão vender e ponto final? Com Angélica Freitas e João Anzanello Carrascoza. Mediação: Fernanda Rodrigues. Parece ser consenso entre editores e escritores que livros de poesia e de contos são publicados para constar em catálogos e para dar prestígio a ambos mais que para vender. Esse quadro é verdadeiro? Por que e como revertê-lo?
20h15 – Diversidade é sinônimo de falta de identidade? Com Flora Süssekind e Eduardo Sterzi. Mediação: Noemi Jaffe. Parte da crítica literária atual considera que o caráter assim chamado múltiplo da literatura contemporânea brasileira não passa de um disfarce para sua falta de identidade. Onde tudo é possível e admissível, faltaria a singularidade necessária para constituir as marcas de um sistema literário. Há identidade na produção literária brasileira atual? Ela é necessária?
5º ENCONTRO INTERNACIONAL CONEXÕES ITAÚ CULTURAL
Quarta, 21 de novembro
10h – Formas de estudo e de percepção da literatura brasileira no exterior. Com Alva Martínez Teixeiro (Universidade de Lisboa), Ettore Finazzi-Agrò (Universidade La Sapienza) e Kathrin Sartingen (Universidade de Viena). Mediação: Rita Palmeira. A literatura brasileira contemporânea tem adquirido uma visibilidade crescente no exterior. Essa nova dimensão estimula algumas perguntas: Qual a visão dominante da literatura brasileira nas universidades estrangeiras? As formas de estudá-la têm mudado nas últimas décadas? Qual seu futuro no exterior?
Quinta, 22 de novembro
9h30 – A primeira aula. Com José Luiz Passos (Universidade da Califórnia), Pedro Meira Monteiro (Universidade Princeton) e Peter Werner Schulze (Universidade de Mainz). Mediação: Claudiney Ferreira. Em ensaio produzido para o Conexões Itaú Cultural, Pedro Meira Monteiro sintetizou o tema desta mesa: “Um professor de literatura estrangeira trabalha sempre a partir de uma cadeia de deslocamentos e estranhamentos”. É possível encontrar uma base comum para essa experiência? Como relacioná-la com os diferentes contextos culturais em que ela ocorre?
11h30 – Modos de difusão: tradução, dicionários e agentes literários. Com Alison Entrekin (tradutora), Breno Lerner (editora Melhoramentos) e Galeno Amorim (Fundação Biblioteca Nacional). Mediação: Felipe Lindoso. Praticamente todos os 236 mapeados do Conexões Itaú Cultural destacaram a necessidade de apoiar a tradução, especialmente da literatura contemporânea. Políticas públicas, como as implementadas pela Fundação Biblioteca Nacional, podem ajudar a transformar esse cenário? Qual o papel dos agentes literários na consolidação da presença da literatura brasileira no exterior?
Sexta, 23 de novembro
9h30 – Português: obstáculo ou oportunidade? Com Adriana Lisboa (escritora e tradutora), Célia Regina Bianconi (Universidade de Boston) e Peggy L. Sharpe (Universidade Estadual da Flórida). Mediação: Fernando Paixão. Em ensaio dedicado a Machado de Assis, Antonio Candido destacou o ponto a ser discutido nesta mesa: “Das línguas do Ocidente, a nossa é a menos conhecida e, se os países onde é falada pouco representam hoje, em 1900 representavam muito menos no jogo político”. Como compreender essa questão nas condições atuais? Como desenvolver estratégias para fomentar o conhecimento e a difusão do português?
11h30 – Cooperações e parcerias para difusão da literatura brasileira. Com Sara Brandellero (Universidade de Leiden), Frank Sousa (Universidade de Massachusetts Dartmouth) e Valquiria Wey (Universidade Nacional Autônoma do México). Mediação: João Cezar de Castro Rocha. O banco de dados do Conexões Itaú Cultural demonstra a importância do trabalho desenvolvido nas universidades estrangeiras para a difusão da literatura brasileira no exterior. Traduções, publicações, seminários e encontros com autores têm sido as formas dominantes de atividades. Como incrementar parcerias que apoiem essas iniciativas? A criação do Instituto Machado de Assis poderia ser um fator decisivo nesse contexto?
17h – Literatura brasileira em chave comparada. Com João Cezar de Castro Rocha (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Mario Cámara (Universidade de Buenos Aires) e Mary Elizabeth Ginway (Universidade da Flórida). Mediação: Felipe Lindoso. Nos últimos anos, uma das modificações mais importantes dos estudos de literatura brasileira no exterior se refere ao estabelecimento de paralelos com a literatura produzida em outros países e também com manifestações artísticas diversas. Como entender a literatura brasileira a partir do diálogo com a literatura estrangeira? Como estudá-la em suas relações com o cinema e a música? O que se ganha e o que se perde com a abordagem comparativa?
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