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Movimento português contra a nova ortografia

Graça Moura, um dos mais combativos integrantes do movimento, diz que o Acordo Ortográfico é inconstitucional e beneficia principalmente o Brasil

– 07/08/2009

Enquanto o Brasil adotou o novo Acordo Ortográfico no começo de 2009; em Portugal, a mudança está emperrada. A reforma teria a adoção em seis anos. Os ministérios portugueses da Educação e da Cultura cogitaram a utilização do novo acordo de forma gradual a partir desse ano. Entretanto, o movimento contrário à reforma, iniciado em 2008, cresceu e provoca dúvidas.

Vasco Graça Moura, tradutor e ex-deputado, liderou um abaixo-assinado contra ao acordo que alcançou mais de 113 mil assinaturas. A petição “Manifesto em defesa da língua portuguesa contra o Acordo Ortográfico” foi avaliada por uma comissão parlamentar, em que um relatório do deputado Feliciano Barreiras Duarte foi aprovado recomendando a análise pela Assembleia Nacional. O fato ocorreu no mês de maio. A maioria governista descartou rever a sua aplicação. O movimento antirreforma espera conseguir força política nas eleições legislativas de setembro para forçar a revisão.

Graça Moura diz que a reforma é inconstitucional e beneficia principalmente o Brasil, pois as mudanças são menos numerosas aqui. Para o tradutor, “o Brasil quase não teve de fazer cedências e vê abrir-se a porta de grandes mercados à sua indústria editorial e a um reforço de influência política e cultural no plano transcontinental”.

António Emiliano, professor de linguística portuguesa e de fonologia da Universidade Nova de Lisboa, diz que a publicação do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) em 2009 pela Academia Brasileira de Letras, contradiz o segundo artigo do acordo assinado em 1990, que prevê uma edição comum aos países. Diante das críticas, a Academia das Ciências de Lisboa anunciou em 25 de junho que lançaria uma edição portuguesa do “Volp” até o final do ano. “Isso não satisfaz. O ‘Volp’ brasileiro e o que a Academia das Ciências de Lisboa tenciona elaborar até ao fim do ano não cumprem os quesitos do acordo”, diz Emiliano.

Os dois maiores grupos editoriais portugueses, Leya e Porto Editora, ainda não têm planos de adotar a nova ortografia.

O linguista Evanildo Bechara, esponsável na Academia Brasileira de Letras (ABL) pelas novas regras, classificou como “balela” as críticas. O linguista não aceita a oposição contra a edição de um Vocabulário Ortográfico pela ABL, sem a participação dos outros países falantes da língua portuguesa. “Quem diz isso não leu o artigo 2º. O que se fala sobre isso é uma mentira, as pessoas usam esse artifício para fazer críticas ao acordo. A decisão da ABL de publicar o ‘Volp’ está de acordo com a reforma, isso é um jogo baixo.”

O artigo diz que “os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração (…) de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas”. Segundo Bechara, a edição brasileira não vai contra a publicação comum, faz somente a normatização de “terminologias científicas e técnicas, como a geográfica”, sem interferir nas normas do acordo.


Fonte: Folha de S. Paulo.

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