Por mais espirituais que possam parecer, os sentimentos são mundanos. É “preciso do corpo para mendigar Fulana”, como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade. É o que também lembra os versos do livro de estreia da cearense Vitória Régia, Partida de não dizeres (78 páginas, Substânsia). Sentir o que o corrói os amantes é não dizer inúmeras frases nem realizar várias ações. Partir pode ser desnecessário, mas o aceno final pode significar a salvação do ser. A capa do livro é assinada por Lily Oliveira. Além de poeta, Vitória Régia é professora de português e escreve no blog entreditos (entreditos.wordpress.com).
O lançamento do livro Partida de não dizeres acontece no dia 8 de maio (terça-feira), às 19h, no Restaurante Dona Chica (Avenida da Universidade, 2475 – Fortaleza, CE). Leia a seguir alguns poemas do livro de Vitória Régia.
Não é certo me pedir
Te carregar
No espaço extenso da memória
E viver como se houvesse
Liberdade e matéria
Do nosso estado terno.
Não é certo me pedir
Te levar
Nos ombros do esquecimento
Alvo e permanente
Pois o que se faz
Intensidade
É multicor e contumaz.
Distante
Redescobri medidas que outrora
Fizeram esparsas formas, linhas e faces
Aqueles azuis ondulantes que me chamavam
Acordando vozes e sons.
Insondáveis histórias.
Olho faminto, gotas de suor
Só de descompassos esses reflexos
Surgem
Buscando amanhecer mergulhos
Respiro em montanhas escondidas
Para só me ver de passagem
O fado das rotas interditas.
Por essa rota busquei por
Barcos traçados
Que aportaram
Inglórios numa nascente
Sem nome.
Paulo Boaventura
06 de maio de 2015 - 16:05
Gostei! Como posso comprar um, daqui do Rio de Janeiro?
Luiz Fernando Cardoso
07 de maio de 2015 - 03:10
Paulo,
Aconselho a comprar diretamente com a editora Substânsia (http://www.editorasubstansia.com.br).