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Jovem galanteador é protagonista do livro de estreia de Eduardo Krause

Em Pasta senza vino. Eduardo Krause conta a história de Antonello Bianchi, que larga uma vida de aventuras amorosas para ir atrás de uma turista brasileira

– 25/09/2014

Pasta senza vino, de Eduardo KrauseDurante o ano em que morou na Itália, o publicitário Eduardo Krause concebeu o seu primeiro romance: Pasta senza vino (288 páginas, Terceiro Selo, R$ 37,00). O protagonista do livro é o jovem Antonello Bianchi, que vive em Florença. O rapaz divide seu tempo entre atrair clientes para um restaurante e conquistar moças e senhoras, principalmente turistas. A vida de aventuras amorosas de Antonello termina quando ele conhece uma turista brasileira. Seguindo a sua “bella donna”, o conquistador segue para o Rio de Janeiro nos anos 1960. É em terras tupiniquins que Antonello Bianchi aprenderá mais sobre as diversas formas de amor.

No texto da contracapa, Regina Zilberman afirma o seguinte sobre o livro: “Em tempos de globalização da literatura brasileira, Eduardo Krause apresenta uma novela autenticamente binacional. O protagonista, Antonello Bianchi, florentino da gema, precisa redescobrir o Brasil para encontrar suas raízes, sua identidade, a família, o amor definitivo. A trajetória de busca e encontro faz-se de modo ágil, dinâmico, sem pausas para digressões ou diversionismo. Assim, o leitor acompanha uma narrativa plena de juventude e novidade, que, com seu ritmo acelerado e contínuo, nunca perde o fôlego e o interesse. Pasta senza vino não excita apenas o prazer pela gastronomia italiana, ao lado da brasileira – e até da gaúcha –, mas também o prazer de ler e apreciar boas histórias”.

O livro Pasta senza vino, de Eduardo Krause, será lançado no dia 25 de setembro de 2014 (quinta-feira), a partir das 19h30, na Livraria Cultura – Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80 – Porto Alegre, RS).

 

Trecho

A hora de servir é sempre um momento de desapego. É como entregar um filho a um assassino. E ainda assim desejar que o malfeitor aprecie cada momento do sacrifício. E quando o pai é um italiano e a cria é una pasta, o enredo ganha tons de ópera. Afinal, o drama está em nosso sangue. E, aos olhos e bocas do mundo, massas são como nossa bandeira. Uma instituição nacional, tema de controversos debates. Inclusive sobre sua origem. Quase todas as regiões da Itália possuem suas próprias lendas a esse respeito. Em Venezia, se diz que foi Marco Polo quem as trouxe da China, e que por lá chegou primeiro. Já os sicilianos juram que a massa aportou antes pelo sul, através de viajantes gregos. Ou árabes, dependendo do povoado. O problema somos nós, os florentinos: pelo fato de Florença ser o berço do Renascimento, temos mania de achar que tudo é originário daqui. Ou que renasceu por aqui e só então passou a ser bem feito. Do soneto ao zíper.

La signora se move, me despertando. Com delicadeza, ela ergue uma das mãos. Mas para minha surpresa, não a direciona ao garfo. Seus dedos, delgados e cheios de anéis, buscam o recipiente com queijo parmigiano ralado que se encontra ao centro da mesa. E suo frio diante da barbárie iminente. Sem misericórdia, a mulher emborca o receptáculo de metal sobre o prato. A metáfora do sacrifício do filho me retorna à mente como um filme de terror. Com movimentos firmes, ela sobe e desce o vasilhame prateado pelos ares, cobrindo a massa com todo o queijo de que a mesa dispõe. Três cruéis estocadas, com as quais terra o inocente molho e aniquila o próprio pedido. Um crime hediondo, praticado à plena luz do meio-dia. E eu aqui, inerte. Testemunha tão imóvel quanto a vítima.

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