As adaptações em quadrinhos de Pinóquio, do italiano Carlo Collodi, costumam explorar o lado sombrio da história infantil. O desenhista francês Winshluss, que ganhou em 2009 o prêmio do Festival Internacional de Histórias em Quadrinhos de Angoulême, lançou pela editora alternativa francesa Les Requins Marteaux a sua versão da história (Pinocchio).
Pinocchio faz uma atualização da história de Collodi. O Grilo Falante é substituído pela barata Jiminy, que mora no crânio de Pinóquio, que é um robô ao invés de ser um boneco de madeira. Geppetto é um inventor maligno que quer lucrar com a sua criação. Os personagens se defrontam com um mundo de drogas, perversões sexuais, exploração do trabalho infantil, contaminação radioativa, capitalistas inescrupulosos, ditadores e golpes de estado, profetas do Apocalipse e detetives desajustados.
A HQ de Winshluss se constrói a partir de narrativas paralelas e pequenos capítulos que cruzam e criam vários finais. As histórias de Pinóquio são imagens sem texto e o visual lembra as páginas dos jornais estadunidenses da primeira metade do século XX. Os momentos de Jiminy lembram os quadrinhos underground da década de 1960. As partes nostálgicas da história são em grafite e em tons de sépia. Os desenhos de página inteira aparecem como cartazes de filmes ou de circo.
Há uma outra adaptação em quadrinhos que merece ser mencionada: Pinocchio: histoire d’un enfant, do desenhista italiano Ausonia, lançado pela Pavesio Editions. O lado sombrio da história é levado ao extremo. Geppetto é um açougueiro e Pinóquio é um boneco feito de carne e sem nariz.
Fonte: Universo Fantástico.
Deixe um comentário