André Gide
Tradução de Mário Laranjeira
256 páginas
Estação Liberdade
R$ 42,00
O leitor se depara com personagens marcantes e caricatos, como o maçom Anthime Armand-Dubois, que oscila entre o ceticismo e a fé, a qual não resiste, por sua vez, ao final da história; Amédée Fleurissoire, católico fervoroso que no transcurso da obra é manipulado, pervertido e enganado. E Julius de Baraglioul, escritor que luta para sair da mediocridade. Algo de muito misterioso envolve a figura do papa, que teria relação com “o antigo mausoléu de Adriano, aquela célebre prisão que, em secretas masmorras, havia outrora abrigado muitos prisioneiros ilustres, e que um corredor subterrâneo liga, ao que parece, ao Vaticano”. Organiza-se uma quixotesca cruzada para resgatá-lo; Protos, o vigarista, entra em cena; o fio da trama se tensiona e assim se manterá até o final da narrativa. O texto flutua na fronteira entre o teatro e o romance, às vezes assumindo ares de farsa ou de comédia barroca, subvertendo os modelos balzaquianos, apresentando aqui e ali toques de uma estética noir. Espécie de personagem exemplar, encontramos Lafcadio, irmão bastardo de Julius. Se os personagens descritos acima são responsáveis pela nota cômica, é ele quem dá o charme, o desconforto e o horror à tessitura da história.
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