Lançamentos

Leão e o chacal mergulhador, O

Anônimo
Tradução de Mamede Mustafa Jarouche
Prefácio de Olgária Chaim Féres Matos
272 páginas
Globo
R$ 30,00


O livro recebeu sua forma final na Bagdá do século XII, constituindo-se numa sedutora mescla de tratado político, livro de etiqueta da corte, crítica de costumes e fábulas sapienciais de animais à la Esopo. Encadeando e desencadeando ensina­mentos, sentenças, máximas, provérbios e pequenos contos, trama-se uma narrativa envolvente, cheia de sabor e saber, cujas partes vão se urdindo como as figuras de uma tapeçaria oriental. A obra conta com prefácio de Olgária Chaim Féres Matos, e com posfácio e notas, tanto gerais quanto linguísticas, do próprio tradutor. O herói do livro é um chacal, virtuoso e sábio, conhecido como “Mergulha­dor” por “mergulhar nos sentidos sutis” a fim de trazer à tona os “segredos do saber”. Quando surge um problema no reino, na forma de um enorme e poderoso búfalo que toma para si um bosque, e o transforma em seu feudo particular, o Mergulhador se aproxima do rei-leão desejando aconselhá-lo, tornando-se afinal seu conselheiro, e assim criando (e solucionando) novos problemas para si próprio, pois seu excesso de virtude fere vaidades e agride interesses, levando a maquinações para sua queda e gerando as idas e vindas da narrativa, nas quais a esperteza sutil do Mergulhador vai sendo posta à prova. A original estrutura dessa narrativa baseia-se em diálogos sucessivos entre diferentes personagens, nos quais um deles primeiro manifesta pretender fazer ou deixar de fazer alguma coisa, enquanto o outro tenta dissuadi-lo ou convencê-lo a fazer outra. Cada um, então, defende seu ponto de vista com uma afirmação generalizante, normalmente na forma de um provérbio: “quem se mete com o que não lhe compete se dá mal”, ao que logo acrescenta “como se deu com Fulano”. O que, por sua vez, faz seu interlocutor perguntar: “E como foi isso?”, ao que o primeiro responde com uma história exemplar: “Conta-se…”. Esse esquema narrativo permeia o livro do Mergulhador de subnarrati­vas que, por sua vez, se desdobram em outras subnarrativas, e se reflete também no próprio estilo, no qual as frases se articulam buscando abordar cada questão em seus mais variados aspectos, como um prisma que se gira na mão a fim de observar todas as suas facetas, para poder, enfim, pô-lo contra a luz e vislumbrar o seu interior. O próprio livro, afinal, revela-se um grande prisma, que dá a conhecer, ao mesmo tempo, o pensamento político árabe da época, sua tradição narrativa e poética e a estrutura e a ambiência narrativas orientais, na linhagem do famoso Kalila e Dimna.

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