A revista Trasgo surge com a proposta de ser uma publicação profissional dedicada à fantasia e à ficção científica, preenchendo o vazio deixado por outras revistas brasileiras do gênero, publicadas nas décadas de 1980 e 1990. Com edições trimestrais, a Trasgo é uma das pouquíssimas revistas nacionais publicadas nos formatos ePub e mobi.
Os custos com impressão e a distribuição não são problemas para quem investe no formato digital. Entretanto, há outras questões a serem resolvidas como a capa e a diagramação, além da seleção, edição e revisão dos textos. Editar uma revista, independente do suporte, dá trabalho. Mas a satisfação de entregar um produto com qualidade para os leitores vale o esforço.
Entre os escritores que passaram pelas páginas da Trasgo estão Ana Lúcia Merege, Cristina Lasaitis, Jim Anotsu e Roberto de Sousa Causo. Além dos contos, cada edição da revista traz entrevistas com o capista e os autores participantes.
Na entrevista a seguir, o editor Rodrigo van Kampen fala como é feita a seleção de contos, o que aprendeu com a revista e as mudanças que estão por vir. Fica registrado aqui o convite de Rodrigo van Kampen para que nossos leitores visitem o site da revista Trasgo (www.trasgo.com.br). Lá é possível fazer gratuitamente o download das primeiras edições.
Como surgiu a ideia de criar a Trasgo?
Criar uma revista de contos é um projeto que vinha sempre à minha mente há muitos anos. No começo de 2013 entrei em contato com algumas revistas de contos que achava incríveis, principalmente americanas. Comecei a procurar por revistas brasileiras semelhantes para ler, mas depois de algum tempo, não encontrando muita coisa semelhante, resolvi começar a Trasgo.
Qual a origem do nome da revista?
Não existe nenhuma origem específica. Apenas não queria um nome estrangeiro. E trasgo é uma criatura do folclore português que foi importada para o Brasil, ainda que nem todo mundo conheça por aqui. Podem ser parecidos com trolls ou com duendes, segundo histórias diversas.
Como são feitas as seleções de escritores e ilustradores?
Todo o material é recebido pelo formulário “Envie o seu Material” no site da Trasgo, e cai em um e-mail. A partir daí é olhar tudo com cuidado para separar os melhores. Buscamos contos bem escritos, e tentamos trazer uma variedade de temas em cada edição. Como tenho recebido cada vez mais conteúdo, a qualidade do material aprovado também sobe.
Quanto aos ilustradores, recebo pouquíssimas ilustrações pelo formulário. Todas as capas da quatro primeiras edições foram encomendadas.
Qual a parte mais difícil de editar uma revista literária?
Trabalho, trabalho, trabalho. Eu fazia uma ideia de quanto trabalho estaria envolvido, mas ainda assim fui surpreendido. Nossas edições são trimestrais, mas isso não nos dá folga, é colocar uma edição no ar e já começar a trabalhar na próxima, para conseguir colocar uma revista bacana no ar. Além disso, tem a parte de divulgar a revista, que é apresentá-la a blogueiros, autores, e assim por diante.
Como tem sido a recepção da Trasgo pelos leitores?
A recepção tem sido ótima, desde a primeira edição saímos em mais de 50 blogs e veículos de literatura no Brasil e Portugal. Nem todos os contos agradam a todo mundo, isso é esperado pela variedade que trazemos em cada edição. Mas a impressão geral da revista e o carinho do público têm sido ótimos!
Por enquanto a Trasgo está disponível apenas no formato digital. Há planos relacionados a outras mídias (impressos, vídeos, podcasts etc.)?
Fazer a revista dá trabalho, isso ocupa muito tempo. Eu gostaria de oferecer algumas coisas a mais, principalmente um podcast com audiocontos da Trago, mas não tenho tempo (e know-how) ou verba para produzí-lo. Então isso só vai rolar se aparecer alguma parceria.
Quanto ao impresso, não acho que vale a pena. Além de a impressão ser cara, a encrenca da distribuição é ainda pior. O formato digital é o mais adequado para a Trasgo.
Desde a publicação do primeiro número até agora, o que mudou na Trasgo? Quais foram as lições aprendidas com a revista? Haverá mais mudanças?
Foram muitas lições, mas principalmente um ganho de experiência, em como preparar os contos da melhor maneira possível para o público (preparação de originais), alguns truques na confecção dos ebooks e coisas assim. Mas o principal foi aprender como o pessoal (escritores, blogueiros, o público) está aberto para a proposta de uma revista que seja profissional, bem feita e com conteúdo de qualidade. A principal mudança por vir é que a partir da quinta edição a revista não será mais gratuita, e com isso os contistas e ilustradores passarão a receber pelo trabalho, profissionalizando ainda mais a publicação.
Que dica você daria a alguém que decidiu criar uma revista literária?
Prepare-se para trabalhar, e muito! Uma revista é sempre uma corrida contra o tempo, para entregar uma edição e já caminhar com a próxima! Dito isso, é importante definir uma periodicidade que a equipe consiga manter e entregar. Há outras boas publicações semelhantes no país, mas as edições atrasam, o que desanima tanto o público quanto os autores que querem ver seu trabalho publicado.
Rafael Noris
21 de agosto de 2014 - 13:44
Parabéns, Kampen! A revista realmente está melhor a cada edição. E que bom que agora ela será paga, é sempre bacana ver editores e escritores crescendo e ganhando pelo trabalho (árduo) que fazem.
Boas vendas! A Trasgo é melhor que muitas antologias impressas que lançam por aí 🙂
Abs!
Jonas Daggadol
06 de fevereiro de 2015 - 17:25
Só tenho elogios à Trasgo. É garantia de boa leitura. Sucesso e vida longa!