Entrevistas

Revista Flaubert

O editor geral Mariel Reis fala como surgiu a Flaubert, como é feita a seleção de textos e as curiosas transformações da revista

– 12/11/2014

Logo da revista Flaubert

A revista Flaubert foi criada para ser um espaço de divulgação de contos. O nome da publicação é uma homenagem ao francês Gustave Flaubert, autor do clássico Madame Bovary. O escritor não foi apenas um grande romancista, mas também um habilidoso contista – como pode ser visto no livro Três contos.

Para não se restringir apenas ao que é produzido no Sul e Sudeste do Brasil, a Flaubert utiliza um sistema de seleção de textos inspirado na extinta revista Ficções. Editores regionais fazem a filtragem do que é produzido em cada estado do país.

Com periodicidade mensal, a Flaubert conta com uma página no Facebook (www.facebook.com/revistaflaubert), onde há informações sobre envio de textos e anúncios sobre o lançamento das edições. Por ser uma publicação digital, a Flaubert fez experimentos interessantes: desdobrou-se em duas outras revistas: Nerval, dedicada à poesia; e Saint-Beuve, sobre crítica literária.

Na entrevista a seguir, o criador da revista e editor geral Mariel Reis fala como surgiu a Flaubert, explica o processo de seleção de textos e comenta as transformações da revista em Nerval e Saint-Beuve.

 

Como surgiu a ideia de criar a Flaubert?

A revista Flaubert surgiu da necessidade de ocupação de um espaço para divulgação da narrativa curta praticada no país. A minha ambição era reeditar o projeto da Ficções, comandada por Hélio Pólvora, nos anos 1970, isto é, ter um editor em cada canto do país filtrando a produção local para expô-la na revista, oxigenando o solo da literatura nacional, quebrando o monopólio Sul-Sudeste.

 

Qual a origem do nome da revista?

É uma homenagem ao escritor Gustave Flaubert. Exatamente ao conto “Um coração simples”, presente na obra Três contos do autor de Madame Bovary, um exímio praticante da narrativa curta.

 

Como são feitas as seleções de escritores?

A seleção dos escritores em cada Estado é de responsabilidade de cada editor. Como dito acima, o editor representa o filtro da produção local por estar inserido no contexto cultural do Estado de origem, geralmente três autores consagrados ou novos por localidade. Em caso de dúvida, o editor geral arbitra sobre a decisão final. No entanto, a intervenção até agora não foi necessária pela qualidade de cada um dos editores.

 

Qual a parte mais difícil de editar uma revista literária?

Quando se possui um grupo correto, com pessoas competentes e de confiança não há qualquer dificuldade. Putz! Falei igual à presidenta… A decisão de ser completamente democrático o espaço, com apenas unicamente uma exigência: a qualidade. Talvez isso seja a parte mais difícil, porque o que é público quer atender interesses pessoais. E essa máxima parece ter impregnado todas as outras iniciativas em que a ordem é levar vantagem, prostituir-se ao extremo e nivelar por baixo. Agora a presidenta não vai gostar nada…

 

Em duas edições, a Flaubert se transformou em Nerval e Saint-Beuve. A primeira dedicada à poesia; a segunda, à crítica. Qual foi o motivo dessas transformações? Os leitores serão surpreendidos com mais transformações?

A primeira motivação: não tornar um saco de gatos a Flaubert. O esforço em mantê-la dedicada a um gênero sem interferências de outras modalidades é a mais elogiada. Portanto, segmentamos a revista em poesia e crítica literária. A virada representou também uma novidade tanto no mundo da web quanto no mundo impresso em que desdobramentos dessa natureza não existiam. A monotonia não é uma palavra de ordem editorial em nossa revista. Com a transformação citada podemos dar atenção pormenorizadamente aos gêneros, livrando-os de espaços tendenciosos, abrindo caminho a outras falas. É a intenção, pelo menos, da nossa publicação. Os leitores podem ficar atentos. Em 2015 muitas novidades.

 

Há planos de criar uma versão impressa da Flaubert?

Precisa-se de mecenas. Pessoa física ou jurídica. Motivo: cultural. Com ficha limpa, melhor.  A pretensão de impressão da revista existe, mas as condições objetivas não permitem ainda sonhos mais altos. O anúncio está feito aqui, Luiz. Qualquer milionário ou zé rico é bem-vindo à mesa de negociação.

 

Desde a publicação do primeiro número até agora, o que mudou na Flaubert? Quais foram as lições aprendidas com a revista? Quais os planos para o futuro?

As lições são muitas. A persistência é a maior delas. O companheirismo e a confiança, entre outras. O plano é simples – ficarmos vivos. Ouviram? Delfin, Alessandro Garcia, JD Lucas, Tartarini, Lima Trindade, Maurício Almeida, Anderson Fonseca, Daniel Osiecki… é uma ordem a todos os editores. E como diz a canção “Ando devagar…”. Sempre em frente.

 

Que dica você daria a alguém que decidiu criar uma revista literária?

Resista. As propostas para a prostituição de um trabalho são grandes. As propostas para que você se torne um filho da puta, também. Lute contra se tornar um filho da puta, um arrogante, um almofadinha da cultura. Procure pessoas em quem você confie, com competência provada em projetos individuais, não se deslumbre com o meio literário. Um editor precisa ser honesto, ter uma medida apenas para lidar com todos.

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