Entrevistas

Paulo Ouricuri

O escritor conversa com a jornalista Alessandra Carvalho sobre o primeiro livro, internet e literatura

– 06/08/2013

Paulo OuricuriPaulo Ouricuri é escritor, autor do livro A triste história do índio Juca (Editora Biblioteca 24horas). Nascido em 7 de agosto de 1972, é casado, pai de dois filhos e advogado militante formado na UFRJ, com pós-graduação em Direito da Economia e da Empresa na Fundação Getúlio Vargas. Também trabalhou como advogado do BNDES.

Paulo tem artigos jurídicos publicados em livro e sites, além de participações em coletâneas poéticas da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE). Por dois anos consecutivos (2008 e 2009), teve poemas selecionados entre os melhores do ano pela CBJE. Mantém ainda um blog de poesias (www.blogdopauloouricuri.blogspot.com.br).

Tive a oportunidade de conversar com o escritor após a agradável leitura de seu primeiro livro, A triste história do índio Juca.

 

Quem é Paulo Ouricuri na visão de Paulo Ouricuri?

Um advogado que gosta de literatura e poesia. Um pai satisfeito com a família que construiu.

 

Em A triste história do índio Juca você conta a história de uma tribo que se submete sem questionar às ordens do Cacique. Elas são repassadas para a tribo através de um Guardião, o único na aldeia que tem contato com o Cacique. A tribo acredita viver feliz neste sistema. Gostaria de saber de onde surgiu esta ideia, e se ela foi, de alguma maneira, inspirada em uma história real.

Não, não foi baseada em uma história real. Foi baseada na curiosidade gerada pela lacuna que encontramos nos livros de história acerca do que ocorreu no Brasil antes de Pedro Álvares Cabral. Também gosto muito da literatura fantástica de Kafka e admiro muito Os Lusíadas, de Luís de Camões (o livro é escrito com rimas e estrofes que seguem o formato d’Os Lusíadas). Eles também me serviram de inspiração. Mas, enfim, não há uma história real que tenha embasado o conto (embora seja feita uma referência à renúncia de Jânio Quadros ao longo do livro).

 

Em uma época em que o povo brasileiro resolveu se insurgir e sair às ruas para reivindicar uma melhor qualidade de vida, sua obra nos faz pensar sobre a questão da submissão popular. Um povo subordinado e que não questiona jamais as ordens recebidas de seu governo (ou de seu Cacique) pode terminar tragicamente. Você acredita que pode haver felicidade real sem democracia?

Bom, a felicidade é um estado subjetivo, que não está ligada necessariamente a um regime de governo, mas sim ao próprio indivíduo, e como ele se relaciona com o mundo. Mas democracia é fundamental. É uma conquista da civilização. E creio que neste ponto é sempre necessário relembrar Churchill: “A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.

 

Se houvesse na tribo um índio revolucionário, que se recusasse a obedecer ao Cacique, você acredita que o final de sua história poderia ser outro?

Na verdade, houve algumas vozes discordantes, só que elas não tiveram força para se impor. Não eram vozes revolucionárias, mas eram vozes discordantes. O livro realmente insinua que o fim poderia ter sido outro, se outras fossem as orientações da tribo.

 

A história do livro é narrada através de rimas, com estrofes de oito versos – uma mistura inusitada e envolvente de conto fantástico com poesia. Inevitável lembrar-se do poema I-Juca-Pirama, do escritor Gonçalves Dias. Este poema foi uma de suas inspirações no momento de escrever A triste história do índio Juca?

É um poema lindíssimo. Quis realmente homenagear Gonçalves Dias no título e em um personagem do livro. Só que o enredo do livro foge do caminho do poema.

 

A literatura é sua amiga ou sua inimiga?

Certamente minha amiga. Literatura é uma de minhas paixões. Pela literatura percorremos percepções que apenas se tornam nítidas pelos livros. Temos acesso direto ao pensamento das mais célebres inteligências da humanidade, e isto é um tesouro incalculável. Como diria Padre Antônio Vieira, “O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive”.

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