Entrevistas

Álvaro Domingues

O escritor fala sobre ficção científica e seu livro de estreia

– 06/12/2010

Nerd assumido, Álvaro Domingues nasceu em 1955 e se formou em Engenharia Eletrônica. Casado e pai de três filhos também nerds, o escritor foi redator da revista Nova Eletrônica e editor das revistas Microhobby e MSX Micro na década de 1980. Os contos de Álvaro foram publicados nas revistas Somnium, Adorável Noite, Bits e Nossas Edições. Além disso, colaborou nos sites Blocos OnLine e PODespecular e no Projeto de mini e microcontos da Fábrica de Sonhos. Atualmente, ele mantêm dois blogues: Sombras e Sonhos e Blog do Pai Nerd.

Sombras e sonhos é o livro de estreia de Álvaro Domingues. Na obra estão reunidos 38 textos do autor – contos, microcontos e um poema – que exploram os anseios, temores, mitos e descrenças da humanidade. Na entrevista a seguir, feita por e-mail, o escritor fala sobre ficção científica e poesia, entre outros assuntos.


O que o motivou a ser escritor?

A vontade de escrever surgiu quando ainda era adolescente, ao descobrir a literatura de gênero, em particular, o policial (Sherlock Holmes) e a ficção científica (Asimov e Clark). Escrever se tornou um canal propício para dar vazão à minha imaginação.


Como foi o seu primeiro contato com a ficção científica?

Creio que deve ter começado com a TV, nos seriados Além da imaginação, Viagem ao fundo do mar e Jornada nas estrelas. Na literatura, Julio Verne e posteriormente Asimov.


Na sua opinião, qual a atual situação desse gênero no Brasil?

Ele tem crescido, mas não na velocidade que merece. Talvez porque seja um gênero que demande mais cuidado nas pesquisas. Ou porque ele dependa de que haja ciência de forte apelo popular para que se possa falar dela através de uma obra literária, como ocorreu em períodos de muita profusão de eventos de natureza científica, como a corrida espacial ou o boom de descobertas do final do século XIX. No caso do Brasil, quando o Dr. Zerbini fez os primeiros transplantes, surgiu até novela na TV sobre o tema. Para que haja ficção científica, tem que haver ciência.

O que temos hoje é uma velocidade estonteante de mudanças de caráter tecnológico (produzidas fora do país) em que os gadgets em si são objetos de entretenimento, não uma ficção que se cria em torno deles tentando especular sobre seu futuro.

Uma vertente que pode vir a dar frutos é o vaporpunk (ou steampunk)*, já que tivemos um Imperador no Segundo Reinado que era entusiasta do desenvolvimento científico.

Ou ainda, nos voltarmos paras as ciências humanas, como psicologia, história e sociologia, criando história alternativa ou uma viagem através dos sonhos, como em A origem ou Paprika.


Qual a sua opinião sobre os livros digitais?

São mais uma mídia. Não creio que, por enquanto, substituam os livros de papel.



* Vertente da ficção científica, nascida na década de 1980, quando os escritores Kevin Wayne Jeter, Tim Powers e James Blaylock escreveram romances que se passavam na Era Vitoriana alternativa (século XIX), com cientistas loucos e incríveis máquinas movidas a vapor.

Comentários (1)
  1. Sonia Carneiro leão

    08 de dezembro de 2010 - 10:47

    Álvaro é um escritor de talento, interessado nas novas formas de dramaturgia e criador de novas possibilidades de expressões de sentimentos, de pensamentos e da análise das realidades através da literatura ficcional e fantástica.
    Sonia

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