Entrevistas

Enio Roberto (Página 2)

Dos contos de Mar quente, qual o seu predileto?
“Crocodilo e Lagartixa”, sem dúvida. Tive muitos amigos, queria escrever sobre aqueles bons tempos, cheguei a anotar num papel que minha próxima história precisava fazer a apologia da amizade como o maior dos sentimentos. Recentemente, Carlos André Moreira disse que o conto está entre os melhores do volume. Fiquei muito feliz.


Como tem sido a reação dos leitores ao seu livro?
Se eu acreditasse em elogios, diria excelente. Meu livro de estreia é indicado por sites, jornais e revistas. Impressionante o número de vezes que Mar quente saiu em público. Recebo diversos e-mails, concedo entrevistas, num alegre festival que vai amolecendo minha insatisfação. Sei que algumas pessoas ficaram chateadas por causa de um fato extraliterário. No conto “Geleira”, há referência a Porto Alegre, sem, no entanto, eu havê-la nominado. Ao final da história, minha protagonista diz que a cidade é gélida, porque sua declaração de homossexualidade a tornou discriminada pelos habitantes. Quero agradecer pelos puxões de orelha desses leitores, mas não há como deixar de dizer-lhes que continuo dando razão à personagem. E mais: devemos agradecer à nossa conterrânea por colocar o dedinho na ferida menor. Se ela resolvesse atacar o preconceito da cor em terras gaúchas… bah, o estrago seria grande.


Quais dificuldades que você enfrentou para publicar seu primeiro livro?
Nenhuma. Eu, de verdade, não queria publicar, me bastava compartilhar os textos com os colegas na ofi cina da Léa Masina – a crítica e mãe literária de diversos escritores desta província. Certo dia, ela usou um estratagema para me levar à edição. A seguir, quando finalizei o material, recebi um telefonema da Dublinense. Pronto, nascia o livro tão temido. Os editores Rodrigo Rosp e o Gustavo Faraon fizeram um trabalho excepcional.


Qual foi o estratagema empregado por Léa Masina?
Ela insistia em me levar a uma editora, principalmente depois que eu apresentava algum conto ao grupo. Eu resistia, prometia, achava defeitos horríveis, protelava, sem observar que toda jardineira precisa mostrar seu trabalho não só às borboletas. Pois foi ao término da minha apresentação de “Você lembra quando o prado floria?”, que ela se dirigiu à estante e, ao voltar, me pediu para pôr a mão sobre as costas de um livro. A fim de contentá-la, jurei que daria início à minha primeira publicação. O tal livro da estante era a Bíblia, o que me fez achar tudo muito engraçado, pois não sou católico, nem evangélico – muito menos espírita, como muitos pensam. Ainda em meio aos risos da Léa, e de uma colega, me dei conta do quanto essa verdadeira professora tornara aquele “meu” momento sublime, e tomei a decisão.


Comentários (1)
  1. Regina Duarte

    24 de setembro de 2018 - 15:14

    Livro maravilhoso,autor amigo de infância e adolescência, muito sucesso !

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